27 de jun. de 2010

Piano*

As notas ainda adormecidas
Repousam entre intervalos sublimes
Em quietudes de uma partitura
Em alvas escalas mescladas, lúdicas.
Na fúria do desfiar dos dedos
Abraçar a um tempo
Corpo, voz e instrumento.
Há uma emoção invasora
Num ferir-me as teclas, ainda medroso
Na garoa desnuda
Sibilante, a meio tom... pura.
Semibreve então
Pauta descobridora
Roçar de bocas
Som não tão vagos
Ritmados... mordidas loucas.
Teclado fervoroso
Curvas, os vãos
Trecho impetuoso.
De um feixe, as vertigens
Nascentes os sons
Uníssono coro
Dedilhado em tangentes sopros.
Melodiosa carícia
Piano despudorado
Delícia.

-Karinna-